
Portugal é um país estranho.
Esta semana confirmou-se a notícia que já há alguns meses pairava sobre o Banco de Portugal. Vítor Constâncio pode vir a ser nomeado Vice-Presidente do Banco Central Europeu (BCE).
Ora, convém clarificar então o que é o BCE, não vá algum leigo não saber do que se está a falar. Para ajudar, recorri à wikipédia e encontrei: “O Banco Central Europeu (BCE) é o banco central responsável pela moeda única da Zona Euro e a sua principal missão é preservar o poder de compra do euro, assegurando assim a estabilidade de preços na respectiva zona”. AH! Bom, então é isto! Estando clarificados quanto à responsabilidade do cargo, resta saber se esta nomeação, trás ou não, prestígio para o nosso pais! Pois a resposta é: aparentemente, não!
Por ser “aparentemente não” é que Portugal é um país estranho. Fico espantado quando alguns partidos e mesmo figuras desconhecidas (as que comentam as notícias online dos jornais) se dedicam a menosprezar a notícia. Muitos espelham mesmo alegria pelo facto de Constâncio deixar o cargo de Governador. Ou seja, é bom que ele se vá embora pelos mais variados motivos (ou porque tinha políticas que não promoviam o emprego ou mesmo porque não sabia supervisionar), mas agora, em vez de governar apenas dez milhões, vai passar dirigir dez milhões mais trezentos e vinte milhões – não lhe servia pouca gente para a sua incompetência. Pois, porque se pensarmos bem, todos os bancos centrais, com mais ou menos liberdade, acabam por ter que se cingir às regras do pacto de estabilidade e do BCE. Então isso significa que o próximo governador também vai ser um mal amado para Bloquistas, Comunistas e “figuras desconhecidas que comentam as notícias online”. Além disso, e não menos incómodo, vai ser a novela que vamos ter até Junho com a discussão do próximo nome para o Banco de Portugal. Eu também já estava farto da novela do “Face Oculta”…
Como em muitas coisas da vida existem os que estão a favor e os que criticam. Embora haja muitos elogios a esta nomeação (principalmente do centrão), é certo que para os críticos, Portugal não perde um grande técnico de macroeconomia como é Constâncio. Para os seus críticos, Portugal fica a ganhar com a sua saída! Então, ou nós somos muito inteligentes, porque nos livramos do senhor que não soube supervisionar os bancos (que sorrateiramente escondiam as contas debaixo do tapete) e que era um dos causadores de desemprego do país, ou somos muito burros, porque toda a Europa é unânime em relação ao seu nome, e vê em Constâncio um profissional com valor. Aliás, neste momento começo a ficar preocupado com o futuro da Europa. Podem-se abrir as portas a mais casos BPP’s e BPN’s, mas agora em Espanha, França e Alemanha. Se calhar são países que não têm problemas e que precisam de alguma coisa com que se entreter. Mas se assim fosse, preferia dar-lhes de bom grado o caso “Face Oculta” e os “Contos de Sócrates”.
Finalizando, com a saída de Constâncio, Portugal e a Europa chegaram a uma relação win-win. Portugal livra-se de um mal e a Europa fica convencida que ganhou um excelente profissional. Já tinha acontecido o mesmo com o Durão Barroso, e os eurodeputados e a outros níveis, com António Guterres, ou mesmo com o Cristiano Ronaldo (sim, porque para muitos portugueses o melhor do mundo é Messi). Portugal mostra que sabe manter os talentos. Ao menos somos bons em alguma coisa. Somos um povo muito egoísta. Os bons estão cá todos. É por isso que somos dos mais ricos do mundo. Valha-nos esta constância...