terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Valha-nos esta Constância


Portugal é um país estranho.

Esta semana confirmou-se a notícia que já há alguns meses pairava sobre o Banco de Portugal. Vítor Constâncio pode vir a ser nomeado Vice-Presidente do Banco Central Europeu (BCE).

Ora, convém clarificar então o que é o BCE, não vá algum leigo não saber do que se está a falar. Para ajudar, recorri à wikipédia e encontrei: O Banco Central Europeu (BCE) é o banco central responsável pela moeda única da Zona Euro e a sua principal missão é preservar o poder de compra do euro, assegurando assim a estabilidade de preços na respectiva zona”. AH! Bom, então é isto! Estando clarificados quanto à responsabilidade do cargo, resta saber se esta nomeação, trás ou não, prestígio para o nosso pais! Pois a resposta é: aparentemente, não!

Por ser “aparentemente não” é que Portugal é um país estranho. Fico espantado quando alguns partidos e mesmo figuras desconhecidas (as que comentam as notícias online dos jornais) se dedicam a menosprezar a notícia. Muitos espelham mesmo alegria pelo facto de Constâncio deixar o cargo de Governador. Ou seja, é bom que ele se vá embora pelos mais variados motivos (ou porque tinha políticas que não promoviam o emprego ou mesmo porque não sabia supervisionar), mas agora, em vez de governar apenas dez milhões, vai passar dirigir dez milhões mais trezentos e vinte milhões – não lhe servia pouca gente para a sua incompetência. Pois, porque se pensarmos bem, todos os bancos centrais, com mais ou menos liberdade, acabam por ter que se cingir às regras do pacto de estabilidade e do BCE. Então isso significa que o próximo governador também vai ser um mal amado para Bloquistas, Comunistas e “figuras desconhecidas que comentam as notícias online”. Além disso, e não menos incómodo, vai ser a novela que vamos ter até Junho com a discussão do próximo nome para o Banco de Portugal. Eu também já estava farto da novela do “Face Oculta”…

Como em muitas coisas da vida existem os que estão a favor e os que criticam. Embora haja muitos elogios a esta nomeação (principalmente do centrão), é certo que para os críticos, Portugal não perde um grande técnico de macroeconomia como é Constâncio. Para os seus críticos, Portugal fica a ganhar com a sua saída! Então, ou nós somos muito inteligentes, porque nos livramos do senhor que não soube supervisionar os bancos (que sorrateiramente escondiam as contas debaixo do tapete) e que era um dos causadores de desemprego do país, ou somos muito burros, porque toda a Europa é unânime em relação ao seu nome, e vê em Constâncio um profissional com valor. Aliás, neste momento começo a ficar preocupado com o futuro da Europa. Podem-se abrir as portas a mais casos BPP’s e BPN’s, mas agora em Espanha, França e Alemanha. Se calhar são países que não têm problemas e que precisam de alguma coisa com que se entreter. Mas se assim fosse, preferia dar-lhes de bom grado o caso “Face Oculta” e os “Contos de Sócrates”.

Finalizando, com a saída de Constâncio, Portugal e a Europa chegaram a uma relação win-win. Portugal livra-se de um mal e a Europa fica convencida que ganhou um excelente profissional. Já tinha acontecido o mesmo com o Durão Barroso, e os eurodeputados e a outros níveis, com António Guterres, ou mesmo com o Cristiano Ronaldo (sim, porque para muitos portugueses o melhor do mundo é Messi). Portugal mostra que sabe manter os talentos. Ao menos somos bons em alguma coisa. Somos um povo muito egoísta. Os bons estão cá todos. É por isso que somos dos mais ricos do mundo. Valha-nos esta constância...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Portugal Consciente - Está nas nossas mãos.

Já é a segunda vez esta semana, que algo em mim fez um "click" e me levou a agir. A primeira já a vou contar. A segunda, é exactamente o que estou a fazer - escrever aqui para mudar a maneira de pensar em Portugal! Temos que o fazer. É uma exigência que cada um tem que fazer a si próprio. É muito simples, se eu for exigente, vou obrigar a quem lida comigo a sê-lo também. Mas já vão ver ao que me refiro.

Ainda no segundo "click". Acabei de receber um e-mail, enviado pelo meu amigo Vítor Silva (bloguista aqui), com um texto do Mário Crespo (e que vou deixar para vocês lerem mais a frente). Este texto, bate tal e qual no Português que toda a gente odeia - o egoísta, de uma forma em geral, porque dentro dos egoístas existe um subgrupo que são os corruptos. Mas, que no entanto, ninguém se importa de ser, se alguém pactua! Não sei se o Jornalista Mario Crespo fez as contas, mas a custa-me a crer que tais reduções de 10% cheguem para reivindicar tanta coisa. No entanto, se todos fossemos mais exigentes, talvez houvesse mais 10% para muita coisa. Ainda assim, acredito que o texto do jornalista seja muito mais uma mensagem de ética.

Agora no primeiro "click". No outro dia, era eu o responsável permanente da loja, quando me caiu em mãos um pedido especial de um cliente. Muito simpático e sorridente, disse-me que pretendia uma factura de uns artigos para entregar na sua empresa (um polar e umas sapatilhas de futebol. Que até são coisas essenciais para ter numa empresa! Mas não tenho nada a haver com isso). Ciente que a lei proíbe a emissão de facturas a compras com mais de 5 dias, fui ver a data do talão: já tinham passado 29 dias da data da compra. - "Olhe, peço desculpa mas não lhe posso emitir a factura porque já passaram os 5 dias que a lei determina para passar a factura" disse-lhe, fosse o caso de não saber. O cliente: "Eu sei!", e sugeriu-me: "Mas faça assim e assim que já dá!" Subiram-me uns calores, e na minha mente já só me passavam odeias originais para o passar de cliente a outra coisa qualquer! O "click" ali foi dado pela minha colega (natural de França) que já me tinha conferenciado, momentos antes, que era por causa destas que Portugal não ia a lado nenhum! Aquele tuga trafulha estava a dar-lhe razão!!! Fui sempre correcto para o cliente e expliquei-lhe que não o podia fazer... Fui acusado que não sabia emitir a factura, que não sabia mexer no software e ainda me disse que a sua sugestão não nos prejudicava em nada. Mas não lha passei! Não quero saber se era um polar ou uma sapatilha, nem para onde ia a factura. Mas foi a forma como me tentou ludribiar. Ele sabia que eu não lhe podia passar a factura.

Fui exigente comigo e com a lei, mas porque eu quero viver num país em condições. E se eu fizer isto e puder consciencializar quem está à minha volta, então já estou a dar um passo a mais...

Caros concidadãos, vamos ser mais justos connosco, e para os outros! Só a título de exemplo, temos 2 milhões de pobres em Portugal! Existem imensos recursos mal utilizados. Todos nós sabemos disso e não fazemos nada!

Agora o texto que me foi enviado:

Imaginem
00h30m
Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível
em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos.
Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.