segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Farmvileiros - Uma geração em ascensão

Tornados, inundações, sol invernal, ventos frios, geada… “Já chega!” – Reclamam os agricultores. Olhando as notícias das últimas semanas, podemos constatar que têm sido devastadoras para a agricultura Portuguesa.

Um dos exemplos onde os agricultores foram mais penalizados, foi na região do oeste. Até o nosso presidente fez questão de visitar a região no dia 18 de Janeiro, de modo a dar apoio aos trabalhadores das sacholas. No meio de tudo isto, tenho duas coisas a acrescentar: desde logo, esta intempérie é uma maçada para as terras de pousio. Num ano, em que seria suposto descansarem do cultivo, pimba! Toma lá gelo e neve pró almoço. A segunda é que, pela primeira vez, desde que me lembro, Paulo Portas não foi o primeiro a acudir uns agricultores. Não sei se é por já não haverem eleições num futuro próximo. Observa-se assim uma desvalorização destes, pois já não valem tanto a pena, como os que sofriam calamidades antes das eleições. Talvez sejam agricultores diferentes, menos aptos a votar. Agora as duas mãos estão dedicadas a reconstruir as estufas, em vez de carregarem os legumes para as feiras. Ainda assim, Cavaco tomou a dianteira e veio dizer para a televisão: “Os portugueses acreditam nos agricultores da Região do Oeste”. Eu sou sincero, também passei a acreditar! Até há pouco tempo nem sabia que existia esta região, nem agricultores nela, por isso agora tenho fé que existe mais uma região de calamidade em Portugal. Outro factor relevante desta afirmação é o facto de se tentar fazer de Portugal um país grande. Quem diz “região oeste” até parece que se refere a um imensidão de território de se perder de vista. Nos EUA também se referiam assim ao Far West, onde os índios habitavam.

Indiferentes a tudo isto, estão de facto os Farmvileiros. Ali não há nada… Apenas um escravo que se abanca no meio das terras e segue as ordens, digamos sábias, dos utilizadores. Eu devo dizer que deve ser um jogo cheio de estímulos intelectuais. Deve-se aprender muita coisa com o jogo, tal como o tamanho do sacho ideal para cavar a terra, ou mesmo a época ideal para semear a beterraba. Cada vez que recebo um “feed” do farmville fico estupefacto: “Canhoto Borralho encontrou um ovo de ouro misterioso”, ou “Zé Tó encontrou um vitelo na sua quinta” Tomara os agricultores da “imensa região do oeste” que tivessem o mesmo clima dentro das suas estufas, ou a mesma sorte de encontrar meia vaca por entre os grelos dos nabos. No meio de tudo isto, acredito (mais uma vez) no porquê do nosso presidente, Cavaco Silva, ter dito que também acreditava na agricultura portuguesa! Será que se estava a referir a estes jogadores? Entretanto, não reparei num crescimento do nosso sector primário. Com tanto jogador, já se deveria ter notado alguma coisa. Talvez venha aí uma geração cheia de pujança para cultivar, levantar a terra e apanhar a batata. Ai Salazar, se estás ai, orgulha-te do povo português que voltou a dedicar-se à terra. Na tua altura devias ter oferecido à Mocidade Portuguesa um Magalhães com facebook, e vai-se a ver, ainda mandavas em Portugal.

Quanto vale um quilo de espargos?

João Oliveira

8 comentários:

  1. O problema é que a agricultura não se faz com "cliques" de mouse! :)

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  2. Se bem que o mouse costuma aparecer de vez enquando para comer umas sementes. Sinceramente, já joguei desses jogos online e são uma grande tentação! Mas o tempo disponível é tão pouco que mais vale aproveitar para outras coisas. Nota-se perfeitamente que estamos perante gerações cuja cultura se baseia no essencial, e não na profundidade. Não acham?

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  3. Sao momentos diferentes.
    Antes havia a megadriver, agora há PlayS.

    Mas de facto, pelo menos eu noto uma maior afectividade a tudo o que é material e virtual... será a geração morangos com açucar como mtos chamam?

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  4. Será que os próximos comentários vão acabar com uma pergunta?

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  5. Não sei. Será que virá mais alguém cá comentar para além de nós os dois?

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  6. Eu acho que não. Não ofende nada.
    E há-de vir cá mais alguém. A ver vamos, não é?

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  7. Se é para questionar eu também questiono!
    Será preferível o FarmVile a vampiros "vegan"?

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