sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Sou um bocado lerdo"

Hoje foi um dia (em) cheio.

Entre muitas das funções de gestão que tenho como responsável de desporto, surge a de construir uma equipa, ou seja, recrutar quando é preciso, e animar o pessoal. Subentenda-se que "animar" não significa fazer o que faço aqui no blog, mas antes, fazer com que os colaboradores que lidero se sintam motivados no dia-a-dia. Acreditem, já saí bastantes vezes desanimado por passar um dia inteiro atrás de uma caixa ou a dobrar roupa. Se acham que têm trabalhos aborrecidos, pensem duas vezes, antes de o dizer!

Ainda assim, e fugindo ao que me levou a escrever hoje, acho que encontrei uma boa maneira de fazer diminuir o desemprego. A fórmula é muito simples. Basta que cada português entre numa loja e desfaça tudo com ainda mais raiva do que o costume. A sério! Quando entrarem numa loja, virem aquilo tudo ainda mais ao contrário! Em poucos meses vão ver que todas as lojas estarão a recrutar mais repositores e o desemprego começará a diminuir. No entanto, isto também serve de política expansionista numa fase mais posterior. Em épocas de baixo desemprego, bastará que todos os portugueses que entrem numa loja, arrumem o que desarrumaram: mais mão-de-obra se libertará para novas áreas de actividade. Como é óbvio, o Estado terá que investir em alguma formação, especialmente para aquelas pessoas que têm todo o prazer em dizer: "Arrume você que tem mais jeito!". Eu adoro ouvir isto de um compatriota todo escangalhado ou pindérico. É como ouvir na escala de sol, um dó com um si... soa mal!

Assim, passei a respeitar muito mais esse trabalho que, parecendo inútil, é feito por um lado, para que cada cliente tenha acesso à mesma forma bonita de encontrar um artigo, e por outro, porque isso dá forma de sustento a muita gente, inclusive à loja e a mim.

Acabei por desviar um bocado o assunto que me trouxe hoje aqui ao blog. Apenas queria ter dito, que hoje entrevistei um rapaz de dezanove anos que se tinha candidatado. A determinada altura, perguntei-lhe quais principais defeitos que ele achava ter. Depois de ter dito dois, e não tendo mais nenhum para nomear, pedi-lhe para que tentasse lembrar-se de outro: "Às vezes sou um bocado lerdo!" - disse ele. Fiquei estupefacto.

Agora que escrevi isto tudo, fico a pensar se não lhe devia ter dado uma segunda oportunidade... É que só tenho aceite licenciados para vendedores, e realmente, podia aproveitar um lerdo para dobrar roupa, deixando para outros empregos bons licenciados com quem vou trabalhar este Natal...

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